No Brasil vive-se uma era em que a escrita entrelaça as
complexas relações sociais e as práticas culturais. Atualmente, o comportamento
do homem, principalmente urbano, se regula pela escrita, nos diversos domínios
da convivência social: jurídico, institucional, trabalhista, constitucional, pessoal. Com o policial militar não é
diferente, pois esta inserido nessa sociedade e deve pautar suas ações pela
civilidade e na busca de uma atuação exemplar o que implica a absorção do
conhecimento e, concomitantemente, de um maior entendimento da língua com a
qual interage com a população que o cerca.
O policial militar possui direitos e muitas vezes é
confrontado com os direitos de outros, pois nenhum cidadão sente-se bem ao ser
confrontado com a lei. Na busca por seu direitos o policial militar precisa
fazê-lo com sabedoria e conhecimento e a maneira que terá para expressar-se
será pela escrita que deverá ser formal e padronizada. Também terá que fazê-lo
quando, por força da lei e da necessidade de agir for confrontado juridicamente
pelo tratamento dado a um cidadão que por algum motivo entender que foi
injustiçado. Será por meio da língua portuguesa que o policial militar se
expressará no meio jurídico e constitucional. Será essa a ferramenta com a qual
terá que se expressar.
Institucionalmente não é diferente, pois são diversos os
fatores que fazem com que o policial militar se atenha à escrita a qual deverá
ser concisa, objetiva e seguir os padrões exigidos pelo meio em que trabalha.
Seja para confeccionar uma ocorrência ou para responder um memorando o policial
militar não pode fugir às regras formais que são exigidas para que tenha um bom
trâmite os documentos que produz. Dessa forma, mais uma vez, faz-se necessário
um bom conhecimento da Lingua Portuguesa, pois se assim não for certamente o
profissional mostrara-se incapaz e terá a necessidade de uma tutela. A
objetividade, a clareza e a concisão com que são tratados os assuntos e a forma
como as ideias vêm organizadas na produção textual certamente refletirão e
mostrarão para o público externo e interno o policial capaz ou não que esta por
trás do texto redigido.
Vivemos em um país em que a distribuição do conhecimento como
fonte de poder é feita privilegiando alguns e discriminando outros e isso pode
ser verificado, por exemplo, em nossas escolas. Não é mister que na condição de
policial militar se alargue mais essa discriminação começando pela Lingua em
que se interage com a sociedade. A sociedade que compartilha os princípios da
honestidade e da dignidade merece um tratamento também digno a começar pela
forma com que se comunica com ela. Entendê-la em sua forma de se expressar já é
trazê-la da marginalidade para o centro das atenções e torna-la mais humana.
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